A nova estirpe da Vírica Hemorrágica. Propagação/ Prevenção



A chegada da nova estirpe
Em meados de 2012 uma nova estirpe da Vírica Hemorrágica foi detetada em Portugal. Após análise de alguns cadáveres recolhidos de Norte e Sul do país, uma equipa da liderada pelo Prof. Dr. Pedro Esteves do CIBIO-UP: Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos/InBIO Laboratório Associado- confirmou a sua presença em território nacional.

Não obstante haver registo da sua presença em França em 2010, e em Espanha em 2011, a escassa informação técnica/científica disponível bem como a ausência de relatos ou preocupação manifestada pelas Federações de Caçadores desses dois países- particularmente em Espanha onde o alerta sobre a nova estirpe contrastava com a classificação do coelho como “praga” em algumas autonomias da Andaluzia- não nos permitia ter uma ideia clara sobre a potencial taxa de mortalidade e propagação da nova estirpe.

A mortalidade “silenciosa” instalou-se
A grande maioria dos coelhos morreu dentro das tocas (sendo a Vírica Hemorrágica altamente contagiosa esse facto facilitou a propagação da epidemia). Aliada à predação dos que morreram a céu aberto, esse facto impediu o avistamento de um elevado contingente de cadáveres.

Após prospeção levada a cabo junto dos nossos associados, na Primavera de 2013, começamos a ter uma noção aproximada da taxa de mortalidade e propagação da nova estirpe viral. Na expectativa da estagnação dos efetivos, alertamos os nossos associados, e os caçadores em geral, para o surto instalado e para a necessidade dos gestores cinegéticos levarem a cabo censos regulares na população de coelho-bravo e imediatos reajuste dos abates previstos.

Algumas zonas de caça optaram por não abrir a caça ao coelho, enquanto outras limitaram voluntariamente as jornadas de caça programadas.

Esta nova estirpe viral de origem desconhecida, propagou-se desde finais de 2012 por todo o território nacional, tendo associada uma elevada taxa de mortalidade- na ordem dos 70% a 80%- de acordo com números fornecidos pelos gestores cinegéticos. Valores só registados aquando do aparecimento da Vírica Hemorrágica tradicional (DHV) em 1990.

A nova estirpe
Enquanto a anterior estirpe de DHV somente afetava os coelhos adultos, a nova estirpe dizima os jovens e adultos, o que dificulta a recuperação das populações e por se revelar que a imunização adquirida pelos coelhos adultos face á estripe tradicional (transmitida aos jovens nos anticorpos maternais, tornando-os residentes à mesma), revela-se pouco eficaz face à nova estirpe.

Esta é a mais letal e virulenta variante da DHV, segundo Pedro Esteves, por se ter descoberto que o vírus recombina com várias estirpes, o que torna difícil aos coelhos criarem defesas. A recolha dos animais mortos é vital para a investigação em curso, para o desenvolvimento de uma vacina e se tentar perceber como é que estas estirpes virais estão a evoluir e a população de coelho-bravo se está a adaptar.

Limitar o impacto da nova doença
A prevenção apenas pode ser feita por via da vacina e controlo de insetos e objetos contaminados. No entanto, a tradicional vacina da Vírica Hemorrágica é ineficaz e a publicitação de vacinas ministradas na comida não passa de publicidade enganosa. É bom não esquecer que a vacinação de grandes quantitativos de coelhos selvagens é impraticável.

De momento, a limitação do impacto desta epidemia passa essencialmente pela limitação voluntária da caça ao coelho, até que a população estabilize.

António Lavazza, um dos maiores especialistas na matéria aconselha a:
– Não vacinar;
– Não trasladar coelhos nem efetuar repovoamentos ou reforços cinegéticos;
– Não permitir que os cães comam as vísceras desses animais;

Ações em curso
A FENCAÇA tem em curso várias experiencias – quer ao nível da gestão de habitats, alimentação e controle dos insetos portadores da doença- no intuito de limitar a sua propagação da epidemia. Dos resultados obtidos daremos conhecimento aos nossos associados, e aos caçadores em geral.

Colabore com a equipa multidisciplinar
Continuam sendo mais as dúvidas que as certezas em torno da nova estirpe. A análise de cadáveres de coelhos é fundamental para que a comunidade científica possa determinar a origem, características da nova variante viral, evolução do surto, sensibilidade e resistência do coelho à doença.

Antes de agir torna-se necessário conhecer. Par o efeito, em setembro do corrente ano, a FENCAÇA estabeleceu um protocolo de colaboração com a CIBIO-UP, com base no qual se comprometeu a fazer a recolha de cadáveres de coelhos portadores da nova estirpe.

Torna-se necessária a colaboração de todos os interessados.

Caso encontre um coelho morto com indícios de Vírica Hemorrágica, aconselhamos que proceda à sua recolha:
– Remova-lhe o fígado;
– Coloque-o no interior de uma garrafa de plástico, identificada com o local e data da recolha;
– Guarde o frasco no congelador;
– Entre em contacto com a FENCAÇA para se solucionar a forma de recolha das amostras.

É importante que desinfete os utensílios utilizados na recolha e elimine o coelho portador da doença, pois dessa forma contribuiu para impedir a propagação da virose.

Fonte: Fencaça



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