Esperas noturnas Agosto…



Este mês retomei as esperas noturnas com uma jornada dupla e confesso que as expetativas eram altas, isto tendo em conta que acompanhei a evolução dos cevadouros ao longo destes meses e todos eles estavam a ser visitados diariamente.

Apesar desta regularidade, nem sempre se pode dar o abate do javali como um dado adquirido e havia uma variável muito importante a condicionar esta espera além da astucia dos bichos… o tempo!

Das noites quentes dos dias anteriores passou para noites frias e extremamente ventosas que dificultavam imenso a deteção do movimento dos javalis entre a vegetação.

Com a noção do desafio que tinha pela frente, por volta das 19h fui deixado no cevadouro, onde por três vezes o porco “já me deu baile”, e por volta das 21h comecei a ouvir os cães de uma povoação próxima a ladrar (de todas as vezes que fiz espera neste cevadouro, sempre que os cães a ladram nas redondezas é sinónimo que os porcos estão por perto), e passado cerca de 15 minutos senti o porco a rondar o cevadouro.

palanque _alvaiazere

Passado cerca de meia hora senti os cabos de aço da parte de trás do palanque a esticar, até parecia que alguém os estava a esticar, mas não… por mais incrível que pareça era o javali a coçar-se!!

Mas como o palanque não tem janelas na retaguarda, tentei pelas janelas laterais ver a silhueta, mas nada… de repente evaporou-se!

Mais uns minutos e vi os olhos a brilhar no meio dos carvalhos mesmo de frente para o palanque, e aí comecei a ver que ele já tinha detetado a minha presença, pois rondava o cevadouro e palanque quase a 360º.

Quando finalmente parecia que ia entrar, bufou duas vezes (confesso que na primeira assustei-me, tal a intensidade com que o fez) e desapareceu de vez, como se de um truque de magia se tratasse… enfim… Porco: 4 – Rui: 0

palanque_javali

No sábado decidi que não merecia pena ir para o mesmo sitio, assim fui para um cevadouro que ultimamente é visitado por um navalheiro e pelo seu escudeiro.

Cheguei ao cevadouro por volta das 19h, e passado pouco tempo comecei a sentir movimento no mato, que com o anoitecer se foram tornando mais intenso.

Coloquei a arma a postos para o caso do porco entrar, pois numa das vezes que fiquei neste palanque de fibra, tinha o porco à minha frente e no movimento de colocar a arma a jeito dei um toque sem querer no palanque (aquilo parece um tambor) e o porco foi-se sem que tenha tido oportunidade sequer de encarar a arma.

Ao sentir o movimento dos porcos previ que ia despachar a coisa cedo, e claro já imaginava o bicho pendurado.

Cerca das 20h30 senti passos a cerca de uns 30metros do cevadouro, espreitei para ver se já estavam visíveis mas nada… ainda estavam na zona suja.

O tempo foi passando e cada passo parecia uma eternidade, mas o bicho chegou aquela idade por alguma razão, e sabemos bem a astúcia que têm.

Passados cerca de 20 minutos senti o porco atrás do palanque, mas sentia um ligeiro movimento o mesmo sitio.

Certamente seria o escudeiro armado em batedor de terreno para ver se estava livre para o seu “chefe” entrar!

Voltou lentamente ao sitio onde se encontrava anteriormente e o navalheiro recuou um pouco.

Eram 21h10 quando finalmente senti escudeiro a avançar até cerca de 2 metros do cevadouro quando parou para uma ultima inspecção.

Aproveitei para pegar na arma e preparar-me para o tiro, pois apesar de estar perto do cevadouro, estava tapado por um arbusto, e a cerca de uns 30 metros vi os olhos do navalheiro a brilhar.

Decidi que iria deixar entrar os dois e depois escolheria, mas quando o porco ia para avançar três tiros ecoaram no vale…e o porco deu meia volta e desapareceram ambos!

Supostamente era o único habilitado naquela noite a fazer uma espera, mas afinal tive a companhia de um amigo furtivo que, além de me ter estragado a espera ainda logrou pelo menos atirar a um porco…

Tive mais de meia hora incrédulo a pensar no que acontecera, mas ainda com uma réstia de esperança que mais algum porco visitasse o cevadouro.

Cerca das 23h30 dei por terminada a espera sem que tivesse ouvido mais algum barulho ou movimento dos porcos…

Para Setembro volto à carga, mas sempre com uma coisa em mente, como era possível isto ter acontecido!!!



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