Uma fêmea de lince-ibérico nascida em 2013 no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico, em Silves, já se reproduziu em liberdade em Espanha. Kakapo tinha sido libertada em 2014 no Vale de Machatel (Extremadura) no âmbito do projeto IBERLINCE, tendo dado à luz três crias nessa mesma área, noticiou recentemente a Europa Press.
A boa notícia foi anunciada pelo governo da Extremadura, um dos parceiros do Life+ IBERLINCE, através de comunicado, tendo sido também publicada no sítio web do projeto, que tem como objetivo a recuperação da espécie através da criação de núcleos populacionais em zonas onde já esteve presente no passado.
Para tal, foram planeadas várias reintroduções nestas áreas em Espanha e Portugal, usando animais nascidos nos vários centros de reprodução em cativeiro do lince-ibérico localizados em Espanha e Portugal.
As primeiras libertações na comunidade autónoma espanhola da Extremadura tiveram lugar no ano passado. Kakapo fez parte deste grupo de animais pioneiros, tal como Kodiak, outra fêmea nascida em Silves e que foi a primeira a reproduzir-se no habitat natural na Extremadura, tendo dado à luz três crias, no mês passado.
A ocorrência de reprodução no meio natural é essencial que as novas populações do felino mais ameaçado do mundo vinguem, pelo que a confirmação do nascimento de mais do que uma ninhada é motivo de celebração, ainda para mais quando as progenitoras são subadultas (o vulgar é reproduzirem-se pela primeira vez com três anos).
No entanto, os esforços de conservação do lince-ibérico não terminam aqui, sendo necessário garantir que as novas crias, bem como as outras que venham a nascer e os adultos já libertados têm condições para prosperar.
As ações de melhoria do habitat, os estudos sanitários envolvendo outros carnívoros que convivem com o lince-ibérico, as medidas para prevenir os atropelamentos, a monitorização das populações de coelho-bravo que constituem quase exclusivamente o alimento do lince-ibérico, e a sensibilização da população humana têm vindo a ser implementadas ao longo dos últimos três anos e meio e vão continuar, não só na Extremadura como nos outros territórios Life + IBERLINCE.
Em Espanha, estes incluem, para além da Extremadura, a comunidade autónoma de Castela-La Mancha e ainda a Andaluzia, onde se localizam as duas populações de lince-ibérico que resistiram até ao início dos esforços de conservação da espécie, nos anos 90 do século XX, e onde foram criadas novas populações.
Em Portugal, foi selecionada uma área de reintrodução localizada no concelho de Mértola, no interior Parque Natural do Vale do Guadiana, tendo as primeiras reintroduções começado em dezembro de 2014 e terminado em meados deste mês.
No total, foram libertados nesta área 10 linces, dos quais um morreu vítima de envenenamento, estando prevista o reforço da população através de novas libertações ao longo dos próximos anos. A expectativa é, no entanto que, tal como aconteceu em Espanha, a população cresça naturalmente como resultado da procriação dos animais reintroduzidos, à semelhança do que aconteceu com Kodiak e Kakapo.