Podengo Português



Os Podengos existem em três tamanhos, pequeno, médio e grande; cada dos quais tem dois tipos de pelo: liso e cerdoso, num total de seis variedades. O Podengo Pequeno tem entre 20-30 cm e pesa 4-5 kg; o Podengo Médio mede 39-54cm e pesa 16-20kg e o Podengo Grande tem de altura: 55-70cm.

O Podengo Português é a raça nacional portuguesa. Ele é rápido, ágil e extremamente resistente. O Podengo Pequeno, cuja altura ao ombro é só 20-30cm, é muito maleável e um caçador exímio. Esta variação menor do Podengo Português Médio persegue os coelhos dentro das tocas, em fendas ou em mato cerrado, sendo enviado aos buracos de coelho para soltar a caça que o Médio perseguirá cá fora.

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A evolução do Podengo Pequeno, é uma variação do médio, sem perder quaisquer de suas outras características. Não existe grande exigência em relação à côr ou tom do pêlo O Podengo pode ser unicolor com marcas de branco ocasionais, ou varia de vermelho para arenoso ou até mesmo preto. O pêlo pode ser curto e brilhante ou mais longo e áspero (cerdoso).

Devido ao carácter amigável e alegre e o seu tamanho pequeno, o Podengo Pequeno adapta-se bem à vida de cidade.
A raça Podengo Português não tem sido manipulada, estando livre de qualquer deficiência genética ou doença hereditária. É alegre, atento, ágil, amigável, mas também destemido. É fácil de manter, só ladra ocasionalmente, é muito apegado aos donos e amigável com crianças e outros cães. É um cão que aprende facilmente.

Podengo Grande Cerdoso

Historicamente, as duas formas do Podengo pequena e média são os tipos menores do original Podengo Português Grande, usado para caça grossa, mas tristemente muito raro hoje em dia. A variedade pequena era originalmente usado para ratos e em combinação com os médios na caça. Embora o Pequeno seja ainda usado para caçar, ele também é considerado como um cão de guarda e companhia, ideal para dentro de casa há mais de 3 séculos.

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O Podengo Português mantém ainda hoje as características muito próximas do seu ancestral inicial. A inexistente intervenção humana, levou a que a selecção da raça tenha sido feita naturalmente, nomeadamente pela adaptação ao meio ambiente e à funcionalidade de caçador.

Trata-se de uma raça natural, ainda hoje ligada à utilidade. Daí a sua designação de raça Primitiva, reconhecida pela Federação Cinológica Internacional, FCI, no 5º grupo de “Cães do tipo Spitz e tipo Primitivo”.

Está perfeitamente adaptado ao clima, bem como à forma de vida lusitana, apresentando carácter vivo e um físico resistente e saudável.

Origem da raça

Das várias teorias relativas à origem da raça, a mais provável aponta para que o Podengo e outras raças similares do Mediterrâneo, tenham como antepassado o cão faraónico existente no alto Egipto, que hoje tem como referência o Faraó Hound, onde se acredita terem sido seleccionadas pela funcionalidade as primeiras raças caninas. Este tipo de cães espalhou-se desde a Ásia Menor (zona originária dos Fenícios em 700 a.C.), pelo norte de África e toda a bacia mediterrânica, supondo-se terem sido os Fenícios os introdutores da raça em Portugal e toda a região do Mediterrâneo.

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Antiga gravura das Pirâmides
A existência de elevado número de coelhos na Península Ibérica e a necessidade de aperfeiçoar técnicas de caça, ligada à subsistência das populações, levou a que estes animais do tipo faraónico tenham encontrado grande aceitação, dadas as suas características adaptáveis a essa função.

Mais tarde também os gregos e os romanos divulgaram raças com as mesmas origens e características na península, sendo ainda credível, que o mesmo tipo de cães tenha entrado a Sul de Portugal pela mão dos Árabes.

Em todo o Norte de África e orla do Mediterrâneo ainda hoje abundam os cães tipo Podengo, que embora muitos não constituam raças definidas, o seu elevado número comprova a origem da nossa raça. Mais tarde foram os portugueses a espalhar a raça por todo o mundo, encontrando-se vestígios dessa passagem, no Brasil, África central e Índia.

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Cabeça típica do Podengo

Apesar de podermos encontrar hoje Podengos em todo o território nacional, o seu número apresenta maior incidência no Alto Alentejo, Estremadura e Norte do Rio Douro.

Temos assim uma distribuição geográfica do efectivo do Podengo Português que parece comprovar a sua origem nas incursões dos povos comerciantes ao longo dos rios Douro e Tejo.

O Podengo Pequeno está mais distribuído na zona centro do país ao longo do rio Tejo e no alto Alentejo. O Podengo Médio pode ser encontrado em maior número no Norte ao longo do Douro e no Centro ao longo do Tejo. O Podengo Grande centra-se mais na zona raiana do Alentejo, dada a sua utilização exclusiva na caça grossa.

A Norte há mais Podengos de Pêlo Liso e a Sul de Pêlo Cerdoso. Ao contrário do que aparentam, os cães de pelo liso são mais adaptados ao clima chuvoso, pois secam rapidamente, enquanto que os Cerdosos necessitam de um clima mais seco, para não acumular humidade no interior do pêlo. Desta forma o Pêlo Liso evita pneumonias e o Cerdoso é necessário para proteger do sol e do calor.

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Funcionalidade

O Podengo tem ainda hoje uma aptidão inata para caçar.
Eram habitualmente as classes mais baixas da população que se dedicavam à caça do coelho para subsistência, daí ter-se tornado numa raça muito divulgada e popular.

A sua fisionomia rústica e resistente às privações, está ligada a essa convivência com a vida dura dos seus donos, nos tempos mais remotos.

Esta ligação pode ter-lhe valido alguma subalternização no seio das raças, tendo actualmente já conquistado o seu espaço na canicultura nacional, graças ao empenho de caçadores e criadores. Hoje já é frequente um Podengo alcançar excelentes classificações em exposições nacionais e internacionais.

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Podengo Pequeno Pêlo liso
O Podengo Pequeno está definido desde o século XV. Era também utilizado inicialmente na caça aos ratos, controlando as pragas nas casas, celeiros e até nas caravelas, daí a sua expansão pelo mundo.

Tem uma especial aptidão para a caça de bichos bravos debaixo do solo, como texugos, raposa e saca-rabos. Era utilizado para entrar nas tocas e espantar a caça, ou abatê-la directamente, o que lhe valeu um carácter corajoso e desinibido, que ainda hoje mantém. Mas acima de tudo é um destemido coelheiro, não desmerecendo em relação ao Podengo Médio. É também usado em zonas impenetráveis, esgueirando-se por entre vegetação rasteiras e fendas nas rochas. É conhecido como “tira-teimas”, explorando onde os outros cães não conseguem ir.

O Podengo Pequeno é hoje muito utilizado como cão de companhia, com excelente resultado, pois para além do seu carácter obediente e afectivo, mantém uma grande resistência a doenças ou anomalias genéticas. É um cão que exige pouca manutenção. O seu pelo, de uma só camada, apresenta vantagens na altura da muda e a grande variedade de cores do estalão, permite ir ao encontro de diferentes gostos. O tamanho facilmente se adapta a apartamentos, com vantagem em relação às tradicionais raças de companhia.

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Podengo Médio de Pêlo liso
O Podengo Médio é o caçador de coelhos por excelência, não tendo par nesta actividade. O seu aspecto físico serve de referência à raça, sendo o Grande a sua extensão.

É um excelente pisteiro, podendo actuar também em matilha. Em grupo ou isolado, o Podengo Médio conjuga um faro e ouvido muito apurados, sendo muito duro fisicamente e apto a suportar altas temperaturas. A aptidão instintiva para a caça dispensa o treino. Na perseguição à caça emite latidos chamados “cantar” ou “maticar” .

O seu carácter é mais independente e reservado que o Pequeno, embora seja igualmente utilizado como cão de guarda e companhia. Esta versatilidade está comprovada através do uso de Podengos Portugueses Médios em séries televisivas e filmes americanos como “Zeus e Roxanne”, “Três Desejos”, “O Cume de Dante”, “Soccer Dog” e “Secondhand Lions”.

Podengo Grande de Pêlo liso
O Podengo Grande é usado na caça grossa, nomeadamente o javali. Ainda hoje desempenha essa função, embora tenha sofrido forte diminuição de efectivos nos anos setenta devido à política agrícola e florestal do país. Actualmente esta variedade ressurge, embora as duas variedades, de pelo liso e cerdoso, estejam apenas a ser defendidas por dois criadores, que o salvaram da extinção.

Integra matilhas e segue pistas, sendo considerado um excelente cão de corso na caça grossa, por vezes com o sacrifício da própria vida. Actua nas Beiras e Alentejo, adaptando-se perfeitamente ao clima seco e quente do Sul.
Evolução

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Podengo Médio Pêlo cerdoso
Pelas descrições dos cronistas, crê-se que já desde 1000 d.C. o Podengo mantém as características que ainda hoje apresenta.

O Podengo – Cão Coelheiro – tem a sua primeira referência escrita em 1199 no reinado de D. Sancho I. Desde essa altura são várias as referências em registos históricos, sendo este tipo de cão também utilizado nas matilhas reais e da nobreza, para além da sua vertente popular.

Esta raça esteve presente nas primeiras exposições caninas realizadas em Portugal em 1902, tendo esta presença vindo a aumentar até aos nossos dias.

No primeiro Livro de Origens Português, LOP, editado em 1956, aparecem registados 29 Podengos das várias variedades.
O Estalão da Raça aprovado em 1955, adopta já os três tamanhos e duas variedades de pêlo, excepto na variedade de Pequeno onde só era contemplado o Pêlo Liso. Em 1978 foi finalmente alterado o estalão, oficializando a existência do Pequeno Cerdoso.

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