Science News : …”A proibição da caça a animais com troféu seria mais prejudicial que benéfica”…



Fonte: Universidade de Adelaide, Austrália

De acordo com um estudo recente, a caça a animais com troféu não deveria ser proibida mas sim melhor regulada para assegurar que as receitas geradas pelas licenças fossem reinvestidas em acções de Conservação a nível local.

A caça a animais de troféu não deveria ser proibida mas sim melhor regulada para assegurar que as receitas geradas pelas licenças fossem reinvestidas em acções de Conservação a nível local, de acordo com um novo estudo da co-autoria de um ecologista sénior de Conservação da Universidade de Adelaide.

O Professor Corey Bradshaw, do Instituto do Meio Ambiente da Universidade de Adelaide (em parceria com Enrico Di Minin, professor da Universidade de Helsinquia, e Nigel Leader-Williams, professor da Universidade de Cambridge) defende que a proibição da caça a animais com troféu será mais prejudicial que benéfica nos países africanos que têm pouco dinheiro para investir em iniciativas de Conservação necessárias.

Os investigadores elaboraram uma relação de 12 directrizes que poderiam dar resposta a algumas das preocupações acerca da caça a animais com troféu, e enfatizam a contribuição desta para a Conservação da biodiversidade. A investigação foi publicada no jornal Trends in Ecology & Evolution.

“…A história do leão Cecil, abatido por um dentista americano em Julho de 2015, chocou muitas pessoas em todo o mundo e reintroduziu os debates em torno da caça a animais com troféu…” afirmou o Professor Bradshaw, diretor de Modelação Ecológica no Instituto do Meio Ambiente da Universidade de Adelaide.

“…Compreensivelmente, muitas pessoas opõem-se à caça de animais com troféu, e acreditam que ela pode contribuir para a actual diminuição das espécies; todavia, defendemos que proibir esta indústria, valorada em U$217.000.000 anuais em África, poderia acabar por ser ainda pior para a conservação das espécies…”, acrescentou.

O Dr. Minin sustenta que a caça a animais com troféu gera receitas substanciais e pode inclusivamente ser menos prejudicial do que o ecoturismo.

“…Conservar a biodiversidade pode ser muito caro, pelo que gerar as receitas indispensáveis é essencial para organizações ambientais não-governamentais, pessoas interessadas na Conservação, agências governamentais e cientistas…”, acrescenta o Dr. Di Minin. “…Os recursos financeiros para a Conservação nos países em vias de desenvolvimento são escassos. Como tal, utilizações consumíveis (incluindo a caça a animais de troféu) e não consumíveis (safaris de ecoturismo) são ambas necessárias para se obterem receitas. Sem elas, muitos habitats naturais seriam reconvertidos para utilizações agrícolas ou de pastorícia. A caça a animais com troféu pode inclusivamente gerar uma pegada de carbono e de infraestrutura menor do que o ecoturismo, e gera um maior volume de receitas a partir de um número menor de utilizações…”. O Professor Leader – Williams diz que há todavia necessidade de regulamentar melhor esta indústria. “…Há muitas preocupações acerca da caça a animais de troféu, para além das de natureza ética, que limitam actualmente a sua eficiência como instrumento de Conservação…” diz o Professor Leader-Williams. “…Um dos maiores problemas é que as receitas que gera muitas vezes vão para o sector privado e raramente beneficiam a gestão de áreas protegidas e as próprias comunidades locais. “…Todavia, se esse dinheiro fosse melhor gerido, poderia proporcionar os fundos necessários para a Conservação…”, diz o Professor Williams.

Directrizes para tornar a caça a animais com troféu mais eficaz para a Conservação:

1. Os governos deveriam impor taxas obrigatórias aos operadores de safaris que fossem investidas directamente em fundos de Conservação e de gestão;

2. Deveriam ser adoptados modelos de rotulação ecológica para certificar os troféus provenientes das áreas que contribuam para uma mais ampla Conservação da biodiversidade e para o respeito para com as preocupações relativas ao bem-estar animal;

3. Deveriam ser feitos estudos obrigatórios da sustentabilidade das populações animais para assegurar que as respectivas colheitas não causam declínios populacionais líquidos;

4. A venda post-caça de qualquer parte de animais caçados deveria ser proibida para evitar o comércio ilegal de animais selvagens;

5. Deveria ser dada prioridade ao financiamento de empresas dedicadas à caça de animais com troféu geridas ou concessionadas pelas comunidades locais;

6. Deveriam existir obrigações para se conseguir a partilha equitativa de benefícios com as comunidades locais e para se promover a sustentabilidade económica de longo prazo;

7. Deveria ser reforçada a obrigatoriedade da recolha científica de amostras dos animais caçados, incluindo de tecidos para análises genéticas e de dentes para análise de idade;

8. A análise da relação de todos os animais caçados a cada 5 anos (ou mais frequente até), bem como os planos detalhados de gestão das populações animais, deveriam ser obrigatoriamente presentes aos decisores dos governos para que as empresas de caça pudessem deles obter a prorrogação das respectivas licenças de actividade;

9. Toda a informação recolhida deveria ser total e publicamente divulgada, incluindo os montantes cobrados;

10. Observadores governamentais independentes deveriam ser colocados de forma aleatória e sem aviso prévio no terreno em caçadas de safaris à medida que vão ocorrendo;

11. Os troféus devem ser confiscados e as licenças revogadas quando práticas ilegais forem detectadas;

12. Atiradores de rectaguarda e pisteiros profissionais devem estar presentes em todas as caçadas para minimizar as preocupações relativas ao bem-estar animal.

Fonte: O texto supra foi publicado em 8 de Janeiro de 2016 e é reproduzido a partir de materiais fornecidos pela Universidade de Adelaide.



Gostou deste Post?
Criação de Blogues e Sites em Wordpress | MisterWP